PASSOS

NO

SILÊNCIO

Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.

.......

O Amor Daquele que nos Amou, precisa ser muito amado.






Esta frase Tomás de Celano põe nos lábios de São Francisco no momento em que o biógrafo relata as devoções do santo.

Devotar-se é se anelar, se engajar em um projeto. São Francisco se empenha antes de tudo em Amar muito. Tal Amor devoto, nasce da ciência de saber-se Amado, e, uma vez que foi interpelado por este tão grande amabilíssimo Senhor, todo o esforço nosso é tardio, chega depois. Mas saber-se “atrasado” em Amar o Senhor é o que nos move a Ele. Tal Amor assume a tarefa de ser cada vez mais profundo e bem orientado.

O Amor-resposta é a mais bela e pura tentativa de fazer Deus Amado como nos Ama. Esta tarefa nos põe em jogo, juntamente com todas as nossas forças, toda a nossa vontade e todo o nosso coração. No Shemah Israel está a forma legal do “Amarás o Senhor teu Deus ...” encerrado no primeiro mandamento.
 Orientado pelo mandato interior de quem se sabe amado, todo empenho existencial (devoção) tem, eu disse acima, o desejo de Amar como se é Amado, mas para tal fim não possuímos outro Amor que o próprio recebido.

Neste ponto o homem devoto descobre que um objetivo tão sublime, e até impossível para muitos, e uma blasfêmia para outros; Amar como Deus Ama!?

Como assim?

Se pensarmos em quantidade, sou obrigado a concordar. Ele nos Ama infinitamente, incomensuravelmente mais e sempre. O devoto, no entanto, se propõe a Amar não na mesma medida, mas do mesmo modo.
O modo como Deus Ama nos é possível pela própria força do Amor com que somos amados, pois o amaremos até onde é possível uma criatura Amar ao Senhor. Assim o devoto Ama o Senhor pelo toque do Amor que recebeu. E são Francisco não só Ama a origem deste Amor, ama antes o Amor Daquele que nos Amou. Sim, ele Ama o Amor, este que precisa ser muito amado.

Porque este Amor é muito grande e para São Francisco de Assis não existe outra resposta que muito ama-lo, eis sua devoção! Ela lhe dá forças para corresponder, ela é o motor, ela é o impulso para procurar sempre ocasiões de fazer-se Amado e de Amar.

Quem é o Amor que São Francisco tanto Ama?

São Francisco Amava em cada situação o Amor Daquele que nos Amou. Cada situação amou a partir do Senhor, de seu Amor Encarnado, eis sua devoção, seu compromisso. Este santo descobriu o caminho do Amor ao outro, amá-lo a partir do Amor, a partir de seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor.


O que Amo no outro é o Cristo Jesus que está nele, sua imagem. O que Amo na Criação são sua qualidades, sua beleza, sua harmonia, sua grandeza...

O que sempre amamos é o AMOR.

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1 comentários:

  1. O amor é algo que pessoalmente me move, e falar dele para mim é sempre um desafio que gosto de encarar.
    Esse texto é muito bom e traz uma reflexão importante e passível de ser aprofundada por outros olhares. O olhar do devoto apresentada revela um motivo para amar. O Humano é um ser que aprende muitas coisas. Pouquíssimas coisas são inatas e ainda essas precisam de treinos e espelhos para se aperfeiçoar. No amor não é diferente. É preciso provar do amor para amar. É preciso sentir-se amado para amar, e nesse sentido o amor do devoto se explica pelo amor que recebe.
    Não sei ao certo se Francisco retribuiu o que recebeu ou se aprendeu algo tão bom que sentiu necessidade de transmitir a tudo. Não domino bem a ordem ou a lógica do amor. Ainda mais o amor de Deus que é tão sublime, constante, pleno. Mas permitir-se ser amado é o que me parece ser o pontapé inicial do amor.

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