Pobre de
uma oração orgulhosa L
Achamos e
pensamos que estamos muito próximos de Deus, mas esta proximidade não é de
contato, intimidade, e sim uma tentativa de dominar o próprio Deus. Se rezo e
vejo os resultados desta oração, esta “tranquilidade” e esta “paz” são o mais
puro torpor do veneno do orgulho que nos destrói e desconstrói toda a realidade
da gratuidade divina.
Deus sabe,
antes que o peçamos! E se Ele já vê a necessidade, com certeza já nos socorre
sua gratuidade. Como nos ensina Santo Agostinho no início do livro das
Confissões, rezar é antes reconhecer a gratuidade divina, é apresentar sua
alma, pois em sua ação benevolente Deus nos cumula com toda sorte de bênçãos.
Pedir coisas em
uma oração verdadeira se torna banal, não porque a oração seja ruim. Mas,
porque ao pedirmos cometemos certa idolatria, tentamos controlar o divino, como
ocorre na magia.
Na oração do
egoísta não pode existir um erro, em nenhuma palavra, nenhuma falha na
concordância verbal, ou uma pequena distração, ao dizer isso, não faço uma
apologia do erro. O que se pretende ressaltar com essa fala é o formalismo
exacerbado presente nesta falsa oração. Tal oração não passa de uma prova
colegial onde apresento diante de Deus o conteúdo aprendido.
Outro texto
que contrapõe essa falsa oração está presente na obra magnífica dos relatos de
um peregrino russo, ela diz: “se queres que tua oração seja pura, correta e
benéfica é preciso escolher uma oração curta, composta de poucas e breves
palavras, mas fortes, e repeti-las muito tempo e muitas vezes. Assim é que se
ganha gosto pela oração.”
A oração não é
uma prova que apresento diante de um professor, ou uma tentativa de comprar Teu
afeto, mais uma dinâmica de intimidade entre um eu e um Tu. Ela nos impulsiona
a nos tornamos oração.
Quem se torna
oração, pelo exercício diário, pelo cultivo de si mesmo, se torna como uma
corça que suspira pelas águas, a corça é nosso coração que inquieto estará
enquanto não repousar n’Aquele que o fez por Amor.
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