Penitência é um exercício da
vontade, para alcançar um fim que não reside na privação, mas muito além dela.
Penitência nos aproxima de Deus, pois na medida em que nos disciplinamos, nos
possuímos, e, podemos nos doar. Só é possível doar aquilo que se possui! Por
isso que tal experiência necessita surgir e se guiar de um profundo desejo de
uma experiência com Deus.
Exemplificando: Um carro é
feito para andar, para encurtar distâncias. Mas se pensarmos somente a partir
desse aspecto, poderíamos nos perguntar, qual a necessidade do freio? O que
fazem instrumentos para reduzir a velocidade num veículo construído para
acelerar?
Que absurdo! Pensaria. Nenhum
carro é vendido sem freios! Esta aparente contradição não nos causa espanto,
pois sabemos da importância do freio no desempenho do automóvel. Os freios
devem ser usados no momento certo para um melhor desenvolvimento do carro.
Partindo desta perspectiva
desejo fazer uma analogia do freio com a penitência. O Freio atua nas rodas
para um bom desempenho do carro e a penitência na vontade rumo às virtudes , à
santidade.
Os freios atuam nas rodas, a
penitência no “eu” que se apega. Essa ação nos possibilita uma liberdade
perante a vida para amarmos mais.
A penitência nos permite uma
doação livre de nós mesmos, eis um exemplo:
Um franciscano penitente e
um jovem caminhavam juntos a um riacho e conversavam. Num dado momento do
passeio o frade e o jovem perceberam que a correnteza trazia um escorpião que
se afogava. O frade buscando o bem, sem pestanejar se abaixa e estende a mão
para socorrer aquela pobre criatura, mas inesperadamente o irmão escorpião o
pica na mão.
A dor e o susto levam o
franciscano a derrubar novamente o escorpião na correnteza mortal. Porém, para
surpresa do jovem, o frade estende novamente a mão dolorida e o salva.
O jovem pergunta sem
compreender o que acabara de presenciar: por que frei você salvou este inseto,
mesmo após ser picado? Ele talvez não merecesse a correnteza por sua tamanha
ingratidão?
O frade responde: Meu filho,
independente do que ele me fez, eu não poderia deixar de fazer o bem.
A penitência na vida do
frade o possibilitou não parar diante do sofrimento, da dor, e com isso fora
capaz do bem. Aprendera ele que a privação momentânea e livre o fortalecia,
mesmo sem ele perceber, mesmo sem ele a provocar, como no caso do escorpião. Os
seus frutos de bondade e perseverança poderiam surgir mesmo se a dor fosse
deveras grande.
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