Em várias situações da vida, onde
nós cometemos pequenas gafes involuntárias, desperdiçamos o perdão nosso de
cada dia. Errei uma palavra; perdoe-me! Esbarrei em alguém; perdoe-me!
Para
coisinhas insignificantes esta lá o perdão sendo deformado e mal utilizado.
Vamos gastando-o e assim quando verdadeiramente precisamos onde ele está? ...
Acho que o esqueci debaixo da cama, ou talvez no armarinho do banheiro.
Surge-nos uma ideia em tom de
revolta, pois se podia vender o perdão nos supermercados ou entregá-lo num
serviço de disk-perdão. Sempre é assim, uma vez que precisamos dele ele nunca
aparece.
Com
isso nos esquecemos de que a dimensão do perdão é para ser usada não quando a
pessoa merece. E por incrível que apreça, fazemos questão de esquecer disso,
ora porque gastamos o perdão em frívolas situações, ora pela dor da ofensa
recebida. Reforçando a ideia novamente, o perdão é para quem não merece, para o
indigno.
Mas
como!? Alguém revoltado me perguntaria. E argumentaria que nunca irá esquecer o
que ele fez, tamanha ofensa que não a desejo para meu pior inimigo, como alguém
fora capaz disso... Não posso perdoar, assim, conclui seu pensamento.
Precisamos
reconhecer que o perdão não é mágico. Você não vai e nem deve se preocupar em
esquecer seu sofrimento, a sua cicatriz, o foco não é este, cabe a você decidir
se a marca causada pelo outro será uma cicatriz dolorida ou uma “pintura
colorida” do perdão, do amor e do respeito compassivo.
Parece-me
que aceitar o perdão, mesmo com a dor latente, sempre será a melhor opção.
Alguém poderá objetar: até aceito o perdão desde que ele não repita esta
atitude novamente. Nessa afirmação, que é muito constante em situações de nossa
vida, nos revela uma coisa importante que em matéria de perdão somos
ignorantes, desconhecemos totalmente sua profundidade.
O
Perdão não possui pré-requisito, ele nasce da gratuidade do amor, é antes de
tudo um abandono livre ao outro gratuitamente. Perdoar é abrir a si para a
constante possibilidade de uma nova ofensa e de um novo perdão. Perdoar exige
tudo de nós.
O Perdão exige que não nos transformemos em pessoas
rancorosas, e até vingativas. Um rancoroso quando finge que perdoa se aproxima
de quem o traiu, ofendeu, somente para conhecê-lo melhor e na primeira
oportunidade destruí-lo. O vingativo sempre ao ser ofendido ou para sujeitar o
outro “joga na cara” as falhas do outro.
O Perdão
é uma abertura tal em sua pessoa que permite o outro entrar e transformar sua
vida na plenitude da convivência. Exige uma aposta na
humanidade, e principalmente na força do Amor. É impossível alguém pretender
curar uma ferida causando outra.
Enfim,
hoje mais do que nunca é preciso pedir perdão ao próprio perdão, pois quem sabe
uma dia, restaurando o perdão em nós, possamos perdoar largamente.
Termino
esta reflexão com uma passagem de são Paulo, o AMOR tudo crê, tudo PERDOA, tudo
suporta,tudo espera.(1 Cor 13, 7)
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